terça-feira, 20 de outubro de 2009

FALANDO DE DEPRESSÃO


Dando continuidade ao tema iniciado na edição anterior, sabemos que a palavra DEPRESSÃO deriva do verbo latino deprimo, que significa “subjugar” e “reprimir”. A questão que surge de imediato se refere ao que a pessoa deprimida sente, se está sendo subjugada ou se está de fato reprimindo alguma coisa. Para responder à questão, faz-se necessário considerar três aspectos relativos ao assunto:
Agressividade: sabemos, que a agressividade é uma forma específica de energia vital e de atividade. Sendo assim, aqueles que ansiosamente reprimem seus impulsos agressivos reprimem ao mesmo tempo toda sua energia e atividade.
A agressividade que não é exteriorizada ou que cuja manifestação é impedida, bloqueada, reprimida pode se transformar em dor física e, no âmbito psíquico, pode levar à depressão, pois neste caso, ela volta-se para dentro de tal forma que o agressor acaba por tornar-se a vítima. Tal agressividade acaba sendo responsável não só pela sensação de culpa, mas também pelos inúmeros sintomas colaterais que a acompanham, com seus vários tipos de sofrimento. Embora a psiquiatria tente envolver as pessoas deprimidas em algum tipo de atividade, elas simplesmente acham isso uma ameaça.
Responsabilidade: a depressão é, de forma consciente ou não, um modo de evitar responsabilidades. Os que sofrem de depressão sentem-se incapacitados para a ação. No entanto, apesar de sua contínua recusa em lidar de forma ativa com a vida, os depressivos são acusados pela responsabilidade por seus próprios sentimentos de culpa.
Recolhimento - solidão - velhice - morte: estes quatro tópicos estão intimamente relacionados num quadro depressivo, pois a depressão provoca o confronto das pessoas com o pólo mortal da vida. As pessoas que sofrem de depressão são privadas de tudo o que de fato está vivo, como o movimento, a mudança, o companheirismo e a comunicação. Em sua vida, é o pólo oposto que se manifesta, ou seja, a apatia, a rigidez, a solidão, os pensamentos voltados para a morte. Na verdade, embora esse aspecto mortal da vida seja sentido com intensidade na depressão, ele nada mais é do que a própria sombra do paciente.
Nesse caso, o conflito está no fato de a pessoa deprimida ter tanto
medo de viver como de morrer. A vida ativa traz consigo uma culpa e
uma responsabilidade inevitáveis e esses são sentimentos que o deprimido consciente ou inconscientemente faz questão de evitar. Aceitar responsabilidades é o mesmo que abandonar todas as projeções e aceitar a própria singularidade. No entanto, responsabilizar-se pela direção da própria vida e viver por conta própria, assumindo responsabilidades, é a última coisa que querem fazer. Personalidades depressivas, no entanto, têm medo de fazer isso e, portanto, precisam apegar-se aos outros. A separação que, por exemplo, a morte de pessoas íntimas lhes impõe, pode servir de estímulo para a depressão.
Felizmente, o sofrimento psíquico de quem sofre de depressão tem cura. Além dos medicamentos antidepressivos, a psicoterapia é de grande ajuda, pois a depressão afeta a pessoa como um todo e quase nenhuma doença se restringe apenas ao seu aspecto físico. Se ao ler esse texto você se identificou com algumas características, talvez esteja na hora de pedir ajuda. Quanto antes você fizer tratamento, mais cedo você vai se sentir melhor.

Irmã Ana Silvia de Andrade
Franciscana do Coração de Maria - Psicóloga

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